quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Escolas Montessorianas no Brasil

Hoje no Brasil existem escolas que utilizam os métodos montessorianos nos seguintes estados brasileiros: Pará, Maranhão, Piauí, Pernambuco, Alagoas,Bahia,Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul 


A década de noventa foi marcada por mudanças rápidas em todos os níveis - social, político, econômico, tecnológico - trazendo com isso muitas predições sobre o novo século que se aproximava. Estas inovações que chegam com a força de uma avalanche requerem de todos uma busca de adaptações, para que consigam sobreviver no mercado de trabalho e nesta luta muitos são derrotados; analisando a qualidade dos vencedores deste processo, verificamos que desenvolveram a habilidade de absorver rapidamente novos conceitos e a tecnologia deles derivada assim como uma valorização humanística dos indivíduos que participam desta empreitada.
A família e a sociedade estão preocupados em como preparar a geração, que neste momento se constrói,para assumir o mundo novo do século XXI. Perguntas nos assombram como pais e como educadores: quais serão as características do mercado de trabalho a ser enfrentado por nossos filhos e netos? Qual o perfil de uma pessoa bem sucedida? Estarão as escolas preparadas para atender estes novos objetivos? Como garantir a sobrevivência econômica de nossos herdeiros? Como garantir o equilíbrio emocional e afetivo? Como proporcionar-lhes felicidade?
A revista EXAME, em 1994, em artigo assinado por Maria Amália Bernardi, lança algumas palavras como fundamentais para o sucesso das pessoas que viverão este novo período da história da humanidade, são elas: tecnologia; conhecimento; globalização; serviços.
A velocidade espantosa das conquistas tecnológicas pode atropelar o indivíduo que não esteja preparado para comandar este bólido; maleabilidade e habilidade de aprender continuamente são, portanto, quesitos fundamentais ao novo homem; outra demanda, decorrente deste aspecto, é a utilização ética do conhecimento, que deve ser colocado a serviço de todos os seres da Terra e do Universo - mesmo daqueles cuja existência ignoramos.
A globalização exige um pensar universal, que deve iniciar-se na infância, pois somente assim garantiríamos uma sociedade de viventes que respeitando-se mutuamente, preservam as ligações de interdependência que protegem a VIDA. A imagem da cédula que constrói a si mesma, alimentada e alimentando um organismo maior, representa metaforicamente o desenvolvimento do indivíduo e da estrutura social e física onde está inserido. O cosmos está presente em cada um, em cada classe, em cada escola; só a partir desta conscientização podemos ampliar este conceito e falar de consciência global. Este conceito não permite tratar as áreas de estudo como compartimentos estanques, mas leva às últimas consequências o que a moderna pedagogia chama de interdisciplinaridade e que é parte do conceito de "educação cósmica" de Montessori que objetiva a vinculação do conhecimento explicitado nos "conteúdos" à Vida, invalidando o conhecimento destinado única e exclusivamente ao universo escolar, exigindo a construção de significados que em última instância são a satisfação da motivação interna, que gera novas motivações criando um círculo inteligente e prazeroso de busca e encontro com o conhecimento.Aprender a aprender deverá ser o objetivo de toda educação no século XXI.
A venda de "serviços" substituirá a venda das "forças de trabalho", pois esta num futuro muito próximo estará delegada às máquinas. A gerência dessa nova postura requer habilidade de criar, vender e administrar seu próprio negócio, exigindo do indivíduo uma gama maior de conhecimentos. Estamos retornando à necessidade de adquirirmos qualidade e diversidade de conhecimentos, aliados a uma readaptação contínua.
Montessori, que nos alertou para a necessidade de um novo homem, nos deixou os preceitos necessários à sua educação: a crença de que na escola possam ser vividos novos paradigmas. Não mais o conhecimento isolado, mas a visão sistêmica; o padrão e não a categoria; a cooperação e não a competição; processos e não prescrições; qualidade e não quantidade; a conexão e não a separação; a descentralização e não a centralização; a vida e não apenas o homem.
A meta maior a ser alcançada pela educação montessoriana é a Universal, através da formação de pessoas que, conscientes da sua individualidade possam fazer parte do organismo maior que é a sociedade humana, a qual responde pela administração da Terra. "A vida mantém a vida", foi uma das afirmações de Montessori. Esta frase, aparentemente simplória, delega ao homem, vida detentora da inteligência racional do planeta, a responsabilidade pelas outras vidas que a Terra acolhe e mantém. A harmonia, requisito fundamental da Paz, se constrói do menor para o maior, do restrito para o amplo, da unidade para o todo, do homem para a sociedade, da criança para o adulto.
Na educação infanto-juvenil está a esperança de mudanças sociais significativas. A Paz necessita da liberdade e esta é um dos nossos pilares. A liberdade da qual falamos e temos instalada nos ambientes de aprendizagem montessorianos necessita do limite, que pode advir de outras liberdades. Do equilíbrio destas nasce a liberdade maior, a que almejamos. A vida social impõe regras e leis (da polidez ao direito do outro) e são estes quesitos que permitem à criança emergir do egocentrismo à sociabilidade. Mário Montessori Jr. a conceitua bem no trecho: "O verdadeiro grupo permite que cada membro sinta-se livre para ser ele mesmo, ao mesmo tempo que cada indivíduo ajusta sua própria (personalidade) liberdade em favor do bem-estar geral, a excessiva; a liberdade individual leva ao caos. A excessiva uniformidade imposta pelos adultos, leva a um conformismo impessoal ou à rebeldia."
Professores, diretores, coordenadores, funcionários, famílias, crianças e adolescentes que fazem o Sistema Montessori, aprendem a conviver com diferenças explícitas e implícitas, enfrentando e minimizando suas próprias diferenças. Somos um espaço aberto à integração, à uma sociedade mais sadia, onde todos contribuem para o melhor de si mesmo e podem usufruir das conquistas comuns. Solidariedade se aprende em criança, solidariedade se constrói na escola. Ser solidário é ser fruto dos modelos que podemos imitar e admirar, e da prática que exercemos através de nossas vidas desde crianças.
Trabalhamos na aceitação das diferenças orgânicas e cognitivas, mas também trabalhamos para transpor as diferenças sociais. Devemos procurar o equilíbrio da distribuição da riqueza material e cultural, dando a cada aluno a competência necessária para ser um cidadão produtivo e que tenha a seu alcance os recursos necessários para uma vida digna. Conscientizar-se da triste realidade social que nos cerca não basta. Precisamos desenvolver mecanismos p,,,Maranhãoara modificá-la e para isto o conhecimento dos direitos e dos deveres da cidadania é essencial.
A escola montessoriana está preparada para construir o novo homem, pois os pilares em que se baseia, são os que sustentarão as gerações vindouras: autoeducação, e educação cósmica aliadas a uma visão científica do processo educacional nos permite oferecer um ambiente onde pensar não é proibido, aprender é um prazer e viver harmoniosamente com a igualdade e a diferença é o nosso objetivo maior.
"(...) A humanidade se constitui, sob muitos aspectos, uma nação única. Inúmeras são as provas desta unidade, seja do ponto de vista econômico, seja do ponto de vista material e intelectual. A interdependência entre os vários povos criou sua unidade e a demonstraram, até mesmo as guerras modernas: o vencedor hoje não enriquece com a vitória e o vencido pesa sobre ele, em passividade..."
Maria Montessori, nos primórdios do século passado, anteviu de forma prodigiosa os problemas que enfrentaríamos e nos legou um caminho. Montessori preocupou-se com o desenvolvimento da competência cognitiva aliada ao desenvolvimento afetivo, buscou a excelência acadêmica calcada no desenvolvimento moral e ético; buscou a aliança entre um mundo novo e um homem novo, o equilíbrio que reside na distribuição justa da riqueza gerada pelas novas tecnologias e na Paz que permite o usufruto dessa nova realidade.
Artigo publicado na Revista OMB, número 1 (outubro de 1998)
Fonte: http://www.omb.org.br/ 
Comentário postado pelo aluno: Diogo Teixeira








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